As geadas que ocorreram nos últimos dias no Sul de Minas causaram prejuízos nas lavouras da região. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), haverá pouca produção de café no ano que vem já que as floradas foram prejudicadas. O prejuízo total ainda é avaliado por agrônomos, mas a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) já estima que possa ser 7 milhões de sacas de café para a produção de 2022.
Este tipo de perda traz um impacto forte e faz o mercado cafeeiro econômico reagir de maneira evidente. O professor de economia rural da Universidade Federal de Alfenas, Renato Fontes, destaca que, neste momento, os preços já vêm subindo a níveis “nunca vistos na história”.
“É um efeito climático que toda produção agropecuária está sujeita. A agropecuária, no caso a cafeicultura, é a indústria a céu aberto e o clima é um fundamento importantíssimo na produção do café. Infelizmente, para aqueles cafeicultores que foram afetados pela formação na geada, não é uma situação positiva para a sua produção futura. Com isso, afetando a oferta do café no mercado, isso faz com que os preços se movimentem. Neste momento os preços vêm subindo a níveis, em reais, nunca vistos na história”, explicou o professor.
Ainda avaliando os prejuízos, os agrônomos da Cocatrel já comparam os estragos causados na pior geada do Sul de MG, em 1994. A Epamig estima que a área que sofreu danos na região seja de 20% a 30%, principalmente, em lavouras mais novas ou que foram podadas. Teve casos de até 70% de áreas atingidas pela geada. Mas ainda não sabem os prejuízos para a próxima safra. Pode ser, segundo a Epamig, que seja de 50% ou até mesmo 100%.
O professor de economia rural destaca que as geadas são vistas, entre os produtores, por dois ângulos diferentes: os que não sofreram impactos e os que tiveram prejuízos na plantação. Isso, porque, conforme ele explica, o preço já subiu do ano de 2020 para 2021 para o mercado futuro e para a bolsa de mercadoria, o que faz uma correlação para quando o valor chegar até o mercado físico, que é quando o produtor recebe pela mercadoria.
“Estamos em uma bienalidade, em uma produção menor aqui no Brasil. Você tem uma diminuição dos estoques o Brasil e também internacional. E o mercado esperava que na próxima safra houvesse um aumento na oferta, principalmente vindo do Brasil. A geada, principalmente no Sul de Minas, que é o maior produtor de café do Brasil e do mundo, é extremamente negativa para a oferta. Isso vai fazer com que os preços, que já se elevaram, mantenham um padrão elevado de preço”, disse.
“No momento que surjam novas informações do efeito geada na produção, ai o preço vai movimentar novamente. Pode ser para cima, ou estabilizar ou uma pequena queda quando chegar a safra. Isso vai depender de como os técnicos, os profissionais da área, vão avaliar a situação da lavouras cafeeiras”, concluiu.