Um caminhoneiro foi encontrado morto dentro da cabine de seu caminhão na noite do dia 20, na BR-265, em Lavras, ele estava muito machucado e havia sangue por toda a cabine. O caminhoneiro, identificado como sendo Marcos Messias de Oliveira, 63 anos, era natural da cidade de Itatiba (SP), mas seu veículo tinha placas de Capivari (SP).
Ele foi morto de forma muito violenta: foram desferidas diversas marteladas na sua cabeça. A perícia da Polícia Civil compareceu ao local e realizou seu trabalho de praxe e, no dia seguinte ao crime, os investigadores da Delegacia de Crimes Contra a Vida deram início às investigações.
Inicialmente os investigadores se reuniram com o perito que realizou o trabalho, ele mostrou as imagens e concluiu que as feridas foram provocadas por um martelo e passou aos investigadores detalhes que foram importantes na investigação e elucidação do caso.
De posse das informações do perito, os investigadores foram até o local do crime e deram início ao trabalho de reconstrução dos últimos momentos de vida da vítima, para que fosse possível apurar a situação que o crime ocorreu, visto que a consumação dos fatos se deu em local ermo, sem testemunhas, com apenas o relato do caminhoneiro que havia localizado o corpo e acionou a Polícia Militar.
Os investigadores começaram o trabalho conversando com a esposa da vítima. Ela contou aos policiais da equipe de investigação que havia saído de sua casa por volta de 15h15 do dia do homicídio acompanhada de seu marido, eles seguiram caminhando até o trevo do distrito industrial, os dois se despediram e ela seguiu sentido igreja do Batalhão, enquanto seu marido seguiu a pé pelo acostamento da BR-265, sentido Delegacia de Polícia.
Ele passou em frente a uma empresa que tem câmeras de monitoramento. Os investigadores foram até a empresa e requisitaram as imagens para serem analisadas, bem como em outras empresas que tem o sistema de segurança de vídeo monitoramento. Deste modo foi possível identificar Marcos Messias passando sentido seu caminhão, entrando no veículo e, em seguida, uma pessoa carregando uma bolsa também passa e entra no veículo pelo lado do passageiro pouco tempo após a vítima entrar no caminhão e dar a partida e aguardar que o sistema aquecesse e o caminhão estivesse apto a seguir a viagem, que não aconteceu.
As imagens flagraram de muito longe, não sendo possível identificar maiores detalhes do suspeito. Com os poucos detalhes do suspeito, a equipe passou a analisar outras câmeras da região, e foi possível identificar que o suspeito chegou de carona em um caminhão, um cavalo mecânico azul acoplado bitrem caçamba branca. Ele desceu em frente ao posto de combustível do Restaurante Búfalo Grill, permaneceu alguns minutos na guarita do ponto de ônibus que fica em frente ao posto de combustível, em seguida, atravessou a BR-265 e seguiu pelo acostamento sentido a delegacia de polícia. Nas imagens é possível perceber que ele pedia carona aos caminhoneiros que passaram por ele no mesmo sentido.
Nesse momento a equipe, através de cruzamento de informações, já tinha informações de um possível suspeito, com características físicas semelhantes, que ora usava uma camisa do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ora um uniforme da Arteris, concessionária que administra a BR-381, rodovia Fernão Dias. Em uma das imagens requisitadas pela equipe de investigadores, depois de analisada exaustivamente, foi possível identificar a camisa do suspeito, onde, apesar da imagem não ser muito nítida, percebia-se que era uma camisa muito semelhante a um uniforme.
Com todas as informações iniciou-se então um trabalho árduo em identificar as placas do caminhão azul de onde o suspeito desceu, tudo isso para identificar o motorista, que era testemunha chave para confirmação dos questionamentos que a equipe de investigadores havia levantado. Foi realizado um intenso trabalho de análise de câmeras, inclusive em outras cidades, assim como contato com possíveis empresas onde o caminhão poderia ter descarregado.
A equipe então solicitou a ajuda da inspetoria de Lavras, que conseguiu a relação de caminhões que descarregaram na empresa Camargo Correia em Ijaci e, com a importante ajuda da inspetoria, a equipe conseguiu chegar até o caminhoneiro que havia dado a carona para o suspeito. Ele confirmou tudo que a equipe havia apurado, além de reconhecer o suspeito.
Aptos a concluir o Relatório de Investigação para que a Autoridade representasse pela prisão do suspeito, a equipe foi surpreendida com a notícia que o suspeito teria cometido um roubo com o mesmo "modus operandi", porém desta vez a vítima conseguiu fugir e evitou que sua vida também fosse ceifada de forma violenta, com golpes de martelo. Por este motivo, a foto do suspeito começou a se espalhar em grupos de WhatsApp e, devido a isso, ele tentou fugir, porém foi reconhecido e capturado por um grupo de caminhoneiros em Campo Belo, que o agrediu. Ele foi descoberto depois que tentou aplicar um crime de estelionato, e a PM foi acionada pelas vítimas que reconheceram o suspeito. Ele foi contido até a chegada da PM que deu voz de prisão ao envolvido pelo crime de estelionato.
A vítima do crime de estelionato não manifestou interesse em representar contra o suspeito, diante disso, as equipes dos inspetores e delegados de Lavras e Campo Belo conseguiram prender o suspeito baseado no mandado de prisão expedido pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Lavras. O que possibilitou a prisão foi a apresentação robusta de provas que podem concluir que o homem preso em Campo Belo seja realmente o assassino do caminhoneiro em Lavras.
A equipe de investigadores da Depol de Lavras apurou que a motivação do crime foi para roubar a vítima, onde foi levada de sua propriedade a carteira, contendo dinheiro e cartões, além do seu aparelho celular, caracterizando assim, latrocínio, que é roubo seguido de morte, o que agrava a pena do autor.